quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Uma Breve História do Fuzz


Olá, pessoal! Nessa revisão vamos falar de fuzz!!!

Qual guitarrista nunca se impressionou com sons de Jimi Hendrix, Keith Richards, Eric Clapton, Jimmy Page, David Gilmour ou Eric Johnson? É improvável que um ser humano se torne um guitarrista de rock´n roll, ou de uma de suas vertentes, sem que tenha ouvido, admirado e reproduzido algumas de suas obras primas. Timbres tão diferentes e definitivos na história da música contemporânea, o quê eles têm em comum? Um circuito eletrônico simples, elementar até, descoberto acidentalmente em 1961 e que ficou conhecido como FUZZ.

De acordo com a vasta literatura cibernética sugerida pelo Google (faça uma pesquisa rápida por “fuzz history”, aproveite para praticar seu inglês e seu senso crítico), o efeito fuzz foi descoberto acidentalmente em 1961 quando o Grady Martin utilizou um console defeituoso durante as gravações de Don't Worry, de Marty Robbins. 

Pelo menos duas pessoas teriam conseguido reproduzir o efeito utilizando um circuito eletrônico muito simples. Uma delas foi Red Rhodes, que reproduziu o efeito para o The Ventures em 1962, e a outra foi Glen Snotty, cujo projeto eventualmente chegou às mãos da Chicago Musical Instruments (CMI) e se tornou o Maestro FZ-1 Fuzz-Tone. O projeto se espalhou e passou a ser fabricado por mais algumas empresas, mas a coisa realmente virou febre depois do lançamento do single Satisfaction em 1965.

O circuito simples, que era baseado em transistores de germânio, foi modificado no final dos anos 60 e passou a utilizar, por razões técnicas como maior tolerância ao calor, transistores de silício. Nas figuras a seguir podemos ver os projetos originais do Dalas Fuzz Face, à esquerda utilizando transistores de germânio e à direita utilizando transistores de silício.


O efeito continuou sendo utilizado e modificado, acomodando as mais diversas necessidades dos guitarristas, como diferentes tipos de voicings, controles de tonalidade mais acurados, chaveamentos para todo tipo de variações nos estágios de ganho, acoplamento com oitavadores, wah-wahs, e uma infinidade de outras mais.
Mas ainda assim o fuzz continua com as principais características da década em que foi criado: o fuzz é colorido, extravagante, rebelde e imprevisível. Como a clipagem em que se baseia o efeito não é um processo linear, as intermodulações dela decorrentes geram um sinal distorcido, rico em harmônicos, por vezes áspero, por vezes macio, mas sempre colorido.

A partir do final da década de 70 o fuzz começou a ser menos utilizado, passando os guitarristas de blues e rock a preferirem o overdrive, ou o timbre de amplificadores valvulados próximos de seus limites operacionais. Com a chegada dos anos 80 e do hair metal, o fuzz foi praticamente enterrado e assim permaneceu durante toda a era heavy metal. Somente no início da década de 90, quando o mercado fonográfico abraçou o grunge, o indie e o rock alternativo, é que o fuzz voltou a fazer parte do universo guitarrístico. Hoje o efeito pode ser ouvido em hits radiofônicos de bandas como Radiohead e Red Hot Chilli Peppers.

Com isto, muitos jovens guitarristas passaram a procurar pelo efeito e descobriram que muitos sons por eles atribuídos aos overdrives foram produzidos, na verdade, pelos velhos pedais de fuzz.
Mas mergulhar no universo do fuzz não é uma aventura para desavisados. O efeito não é dos mais calmos e requer certa experiência para lidar com sua imprevisibilidade. Para domar o fuzz, é preciso primeiro domar a si mesmo, evoluir como guitarrista e músico, e controlar sua execução ao nível das sutilezas. Isto porque o fuzz, a despeito de sua rebeldia, talvez seja o efeito que mais respeita a dinâmica do músico e o volume do instrumento. É possível sair de uma canção de ninar direto para uma hecatombe nuclear com um simples girar de konb.

O vídeo desta revisão é da música Sopro Canadense, em que a guitarra principal foi gravada com o pedal Fuzz’n Bender, da Empower Labs. A música possui uma harmonia inspirada nas canções de Neil Young, mas a pegada da guitarra possui mais influências de Mark Knopfler e Eric Jonhson. Se sua conexão permitir, assista em HD.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Review: Empower Burn Box

Há muito tempo eu queria escrever sobre este pedal feito pelo Kleber em São Paulo. Trata-se de um pedal construído com o conceito de pré amplificador, com controles de volume, gain, tone e mid. Tem sonoridade moderna, responde bem à dinâmica do guitarrista e que limpa bem com o uso do knob de volume da guitarra, sem perder o brilho nos volumes mais baixos.
Empower Burn Box
Construção e acabamento: o pedal é montado em uma carcaça de metal dobrado, o que lhe confere certa impressão de robustez. A base do pedal é lisa e não possui abertura para o compartimento de bateria, sendo necessário remover os quatro parafusos para acessá-lo. A versão testada é a primeira (pré 2008), que possui pintura em tinta preta fosca, com os rótulos impressos em verde.



Controles: o acionamento é feito por um footswitch 3PDT, sendo portanto true bypass. Possui quatro knobs, sendo o volume e o gain auto explicativos. O diferencial dos controles está na equalização: além do conhecido controle de tone, o pedal apresenta um knob chamado mid que adiciona médios à equalização pré estabelecida com o knob tone. Possui conectores de imput e output com localização tradicional (input na lateral direita, output na lateral esquerda) e conector para alimentação externa (9v) na parte superior da lateral esquerda.
Tocando com o pedal: embora o pedal tenha sido construído com a sonoridade moderna em mente, sua utilização passa longe de ser apenas uma fonte desesperada de distorção para frases adolescentes de riffs hi-gain. O controle de gain é útil em todo o seu curso, mesmo nas extremidades. Girando o controle no sentido horário, tem-se inicialmente um pequeno boost no sinal da guitarra, que vai se transformando gradativamente em uma distorção granulada e macia. O controle de volume é utilizado para ajustar o nível geral do pedal, mas também pode funcionar como um boost quase clean, quando utilizado em conjunto com níveis menores de gain. Os controles de tone e mid funcionam muito bem juntos. É possível, por exemplo, controlar a tonalidade para evitar que as notas mais graves percam definição e, aumentando o controle mid, dar corpo e peso ao timbre, evitando que instrumento soe muito magro.
Resistência e durabilidade: o meu pedal foi adquirido no início de 2008 e tem resistido bem ao uso normal. Não apresenta ruídos nem chiados com a movimentação dos knobs. Os conectores permanecem firmes e também não apresentam chiados.
A gravação: em Chuva no Telhado, o Burn Box foi usado na guitarra principal, que é uma Suhr Modern com corpo de mogno, braço de vulcanized maple e escala de indian rosewood. Os controles do pedal foram setados em volume:14H, gain:10H, tone:10H e mid:13H. Na primeira vez do tema a guitarra está com o captador do braço (JST SSV) com a bobina interna cancelada e volume no 6. Na segunda vez do tema o volume da guitarra foi colocado no máximo e, no início do solo o humbucker do braço está com as duas bobinas ligadas. Por volta dos 2’27” o captador da ponte (JST SSH+) é acionado, voltando para o humbucker do braço durante o interlúdio. Na quarta e última vez do tema a guitarra está com o humbucker da ponte acionado. O amplificador utilizado foi um Rivera BM100, que ficou no canal limpo durante toda a música.
Impressão geral: é um produto de alto nível e merece o reconhecimento que tem recebido. O que mais me impressiona no pedal é a capacidade de responder à dinâmica do músico e ao controle de volume do instrumento. O único senão fica por conta da embalagem. Na época em que adquiri o pedal ele chegou pelo Correio embalado em uma caixa de papelão genérica. Não tenho notícia se o fabricante já está investindo neste importante aspecto do produto.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Review: Pigtronix Philosopher's Tone

O Philosopher’s Tone é um compressor fabricado pela Pigtronix nos EUA. Seu nome é um trocadilho com o termo Philosopher’s Stone (ou Pedra Filosofal, para os fãs de Harry Potter, rs rs rs), usado pelos antigos alquimistas para denominar o elemento que seria capaz de transformar chumbo (do inglês led, que também poderia ser um trocadilho com lead – solo, de guitarra, claro) em ouro.

O Philosopher’s Tone é montado em uma carcaça de alumínio fundido, com os conectores de input e output localizados na lateral direita do pedal e seu acionamento é feito por um footswitch 3PDT, indicado por um LED azul de alta intensidade. Requer alimentação externa (12 a 18v, fornecida) e não aceita alimentação por bateria. Possui cinco knobs, sendo três deles bastante conhecidos no mundo dos compressores: sustain controla o threshold do compressor, blend controla a quantidade do sinal original (não comprimido) é misturado ao sinal comprimido, e volume controla o nível geral do sinal. Os outros dois controles não são usualmente encontrados em pedais desta categoria. Treeble corta ou enfatiza a região das freqüências agudas (é neutro na posição das 12H) e grit adiciona distorção ao sinal.
O pedal é capaz de realizar todos os truques de compressão normalmente utilizados por guitarristas de rock, jazz e country music, mas o que o diferencia dos compressores tradicionais como o MXR Dynacomp e o Boss CS-3 é que o Philosopher’s consegue ser realmente transparente. Uma vez determinado o threshold, o músico pode acrescentar o sinal original ao comprimido de modo que não se perceba o compressor atuando, através da queda abrupta de volume. Também é possível corrigir a perda de agudos para um som mais estalado, ou acentuá-la, para um som mais aveludado.

A distorção fornecida pelo controle grit é adicionada ao sinal, ou seja, podem ser ouvir os dois sinais, com e sem distorção, ao mesmo tempo. Este recurso, quanto utilizado com um timbre clean, dá a impressão de estarmos tocando com dois amplificadores ao mesmo tempo: um distorcendo e outro não.
No Tema #11 o Philosopher’s Tone foi utilizado na guitarra principal durante toda a música. Os controles do pedal foram setados em grit=0, sustain=14H, blend=15H treeble=12H e volume=12H. A saturação é do próprio amplificador, meu fiel Rivera BM100 no canal inglês. O delay utilizado é o Echolution, também da Pigtronix, mas isto já é história para outro review.

O único senão do pedal fica por conta de seu tamanho. Talvez por uma questão de projeto, e, para acomodar tantos controles, o pedal fica na posição horizontal e assim é muito fácil esbarrar o pé nos controles no momento de acionar o footswitch.